11 agosto 2013

A minha linha de sombra...

As promessas foram tantas...
Promessas de um mundo fascinante a minha espera...

Uma voz gritava longínqua em mim...
Vaiiii... atravessa,  atravessa para o outro lado!
Lado?!?!? Que lado?  - pensava eu, achando-me completamente louca
E o berreiro ensurdecedor prosseguia...
Atravessa para o outro lado da linha, da sua linha de sombra...
Atravessa, mas sem o sorriso incontido
Atravessa, mas sem os sonhos desinibidos
Atravessa e deixa de bobagem
Atravessa sem a bagagem pueril
Veste, veste logo a adulta roupagem
E vai...

Ondas, ondas, e mais ondasssss
O mar de netuno e bravio a espreita,
Sério, escuro, deserto e repleto de embustes.

Segurei-me enquanto pude, mas não podia mais adiar o inevitável 
Atirei-me, sem dó, as invisíveis desventuras...
Segui as sombras que dançavam sobre águas gélidas e agitadas,
Parti ausente à deriva...
Rolei pra cá e pra lá sobre os abismos do sentir,
Impaciente,
Silente,
E meu coração ofegante, inquietante,
Guardado em meu peito, gemia todo o medo.

Ahhhh! Sou forte o bastante! - pensei enquanto me debatia...
e assim adentrei num novo universo...

Não sei ao certo quando foi que segurei o leme com toda a força que era capaz
E dei-me conta que naquela transformação não abri mão da inocência,
Dos desejos insanos,
Da espontaneidade realçada...
Não perdi de vista os meus sonhos mais loucos,
Nem os amores,
Muito menos as minhas descobertas...
Mantive o sorriso largo, excessivo, franco,
O mesmo olhar acriançado e inquieto,
A delicadeza ingênua e a sensibilidade florescida na pele...

Hoje,
Sou criança num corpo crescido...
Navego imensa com as velas içadas,
Sobre um oceano
nem sempre calmo e tranqüilo,
nem sempre colorido e divertido

mas tão meu...



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